Inimigo oculto

      Você acabou de fazer uma limpeza geral na sua casa. Cada coisa em seu lugar. Cheirinho de novo. Limpo. Brilhando de tão limpo. Certo? Errado. Aquilo que você não vê é justamente o maior perigo. Ácaros, fungos e milhões de bactérias permanecem em seu sofá, almofadas e tapetes. Não é à toa que aparecem, então, as rinites alérgicas, micoses de nariz e de pulmão e alergias das mais diversas. O inimigo está ali, oculto, bem pertinho.

     Penso que é assim com a nossa vida também. Você tratou com bondade quem veio até você. Procurou fazer o melhor para ser um bom esposo ou uma boa esposa. Tentou ser sábio na educação do seu filho. Foi honesto no seu serviço. Aí você pensa: a casa da minha vida está limpa. Certo? Errado. O inimigo está ali, oculto, mais perto do que você imagina.

     Falo do seu próprio coração. Por mais que você pense que ele está completamente limpo, que você não tenha feito nada que salte aos olhos de tão errado, Jesus diz que é dele, do seu coração, que “saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mateus 15.19).

     Uma coladinha na prova do vizinho. Um olhar indecente para alguém que passa ao seu lado. Uma “informação” sobre a vida do fulano de tal. Um “bom dia” dito da boca para fora, quando na verdade seu coração desprezava quem lhe cumprimentou. Sim, você talvez nunca matou ninguém. Mas e a raiva? “Quem odeia seu irmão é assassino”, lembra o apóstolo João (1 João 3.15).

     O tapete da sua vida não estava tão limpo quanto você imaginava. Seus passos mostraram a poeira que há no seu coração. O ácaro da intolerância faz mal à sua alma. E o que falar dos fungos que subiram do coração para a língua? E das micoses invisíveis que permeiam os atos das nossas mãos? Isso sem falar no mofo do mau humor que veladamente alimentamos e das borras dos nossos critérios de julgamento. O inimigo está ali, invisível, mas próximo.

     Para sofás, tapetes e colchões há uma dica bem simples e eficaz: coloque-os ao sol uma vez por mês. Já para o coração só há uma solução: banhá-lo no sangue de Cristo. Aquele sangue, vertido na cruz, purifica. É o sol do perdão. Tira a culpa. Cura os males da alma. Jesus, o Salvador, é o único capaz de esterilizar o coração contaminado pelo pecado.

     É verdade que os ácaros e os fungos do nosso ser contaminado permanecerão. Até morrer. Mas na ressurreição, na eternidade com Deus, a casa celeste estará livre da bactéria do pecado. Porque lá, dentro do seu coração, não haverá mais inimigo oculto.

(Julio Jandt)