Histórico


 A Igreja Luterana


                   Em princípios de 1500, o Dr. Martinho Lutero – monge agostiniano - corrigiu muitos artigos da fé cristã, obscurecidos e corrompidos por doutrinas e tradições humanas, como por exemplo a venda de indulgências. Como resultado, a Igreja Luterana veio a existir.

                   Tudo começa em 31 de Outubro de 1517, quando Martinho Lutero pregou as 95 teses sobre as Indulgências na porta da igreja do Castelo de Wittenberg, Alemanha. Nelas ele chama os cristãos a viverem uma vida de sincero arrependimento e fé em Jesus Cristo.

                  Ele encorajou a confiança nos méritos de Cristo mais que as Indulgências emitidas pela igreja da época e protestou contra a idéia de que as indulgências libertavam pecadores da punição após a morte.

                 Em meio a controvérsia com a igreja por causa da publicação destas teses, Lutero pesquisou as Escrituras e assim Deus o levou a compreender que somos Justificados pela fé somente.

               Lutero e seus seguidores pregavam doutrinas que tinham raízes, historicidade e fundamento nas Escrituras dos Profetas e Apóstolos. Eles e suas igrejas na Alemanha foram depois chamados de “Evangélica”, designação que é derivada da palavra grega “Evangelho”. O nome enfatiza a confiança ou crença na Justificação pela Graça de Deus manifestada em Jesus Cristo através da fé, separadamente das obras.

                  Os Luteranos em todo mundo formam a maior igreja que resultou da Reforma e, nos Estados Unidos é a terceira maior igreja. Imigrantes da Alemanha e da Escandinávia imigraram para os Estados Unidos formando vários grupos, que mais tarde passou por um processo de união. Os dois maiores grupos hoje são a Igreja Evangélica Luterana - Sínodo de Missouri (LCMS), organizado em 1847, e a Igreja Evangélica Luterana na América (ELCA), formada por uma união de vários sínodos em 1988. A LCMS é separada da ELCA por causa de objeções doutrinárias e tendências em permitir liberdade doutrinaria dentro da Igreja.

                  De forma bem resumida, há mais de 60 milhões de luteranos no mundo, membros de cerca de 250 Igrejas Luteranas autônomas.  As Igrejas estão agrupadas em dois grandes blocos: A Federação Luterana Mundial (FLM) e o Conselho Luterano Internacional (ILC).  A IELB é filiada ao ILC.

              No Brasil a Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), fruto de trabalho e missão da LCMS, fundada em 1904, atualmente independente financeiramente da LCMS desde o ano 2.000, tem aproximadamente 221.113 mil membros, 57 distritos, 454 paróquias, 1317 congregações e 595 pontos de pregação e 527 pastores atuando em congregações (Fonte: Anuário Luterano de 2003, publicado pela Concórdia Editora).

As Declarações da Tradição Luterana

              As Confissões Luteranas contém toda doutrina luterana. Elas também são chamadas de Símbolos, significando “marcas de identificação”. Os Símbolos luteranos identificam os luteranos pela declaração de fé ou pelo que eles crêem e confessam. Os símbolos respondem a questão: "O que a Igreja Luterana ensina?”

              Os Símbolos Luteranos são chamados de Confissões porque foram usadas desde o início da Reforma a fim de confessar suas doutrinas de fé diante da Igreja, que por sua vez, encontrava-se com suas doutrinas bastante obscurecidas. As doutrinas contidas nas Confissões Luteranas são extraídas das Escrituras e, é importante notar que as Confissões usam com muita freqüência várias palavras da Escritura para expressar doutrina. O uso de Confissões se dá devido ao fato de que os cristãos precisam ser capazes de usar outras palavras que são bíblicas para expressar as doutrinas e comunicá-las a outros, e por isso, a igreja luterana tem resumos das doutrinas bíblicas e refutações das explanações falsas sobre a mensagem da Salvação. Este é o motivo pelo qual usamos confissões

            As Confissões surgiram em determinados momentos quando afirmações sobre a fé tornaram-se proeminentes e oficialmente aprovadas entre os luteranos. Estas não suplementam ou complementam as Escrituras. As Confissões proclamam, e muito bem, o conteúdo das Escrituras. “Outros escritos, entretanto, dos antigos ou dos novos mestres, seja qual for o nome deles, devem ser equiparados à Escritura Sagrada, porém todos lhe devem ser completamente subordinados, devendo ser recebido diversamente de ou como mais do que testemunhas da maneira como e quanto aos lugares onde essas doutrina dos apóstolos e profetas foi preservada nos tempos pós-apostólicos” (FC, Ep. 1, 2).


A Confissão de Augsburgo

            Acusados de introduzirem doutrinas falsas e de falharem na observância de certas cerimônias necessárias à salvação, os seguidores de Lutero prepararam uma confissão de fé para ser apresentada diante da igreja romana. Isto aconteceu quando Carlos V, Imperador do Santo Império Romano-Germanico, convocou uma Dieta ou assembléia de príncipes em Augsburgo no ano de 1530. Nesta Dieta os príncipes Luteranos apresentaram uma confissão de fé do que era pregado em seus territórios. O colaborador de Lutero, Filipe Melanchton, com orientação deste, escreveu a Confissão de Augsburg o. Ela começa com uma passagem do Salmo 119.46: “Também falarei dos teus testemunhos na presença dos reis e me envergonharei” (Livro de Concórdia, p.23).

Os Artigos 1-21 estabelece as doutrinas ensinadas pelos luteranos fundamentadas nas Escrituras. Os Artigos 22-28 dão razões porque os Luteranos abandonaram o Sacrifício da Missa, o Celibato Obrigatório e outras tradições que entram em conflito com o Evangelho.

            A Confissão de Augsburgo é a principal confissão dos luteranos. Os luteranos de todos os tempos, consideram ela como sua maior bandeira de identificação. Ela também é conhecida pelo seu nome latino, Augustana.

A Apologia da Confissão de Augsburgo

Na Deita de Augsburgo, os teólogos da igreja católica apostólica romana atacaram a Confissão de Augsburgo com um livro conhecido como Confutação. O Imperador declarou que a Confutação provava das Escrituras que os ensinos da Confissão de Augsburgo eram falsos.

Melanchton, então, escreveu uma defesa ou Apologia da Confissão de Augsburgo. Publicada em 1531, a Apologia da Confissão de Augsburgo apresenta em mais detalhes o fundamentando bíblico dos ensinos luteranos, sobretudo da doutrina da Justificação por Graça através da fé.

Os Artigos de Esmalcade

Em 1536 Lutero redigiu uma declaração das concordâncias e diferenças básicas entre luteranos e católicos romanos. Esta declaração foi redigida por Lutero a fim de ser apresentada no Concílio Geral da Igreja, que aconteceria no próximo ano (este concílio não aconteceu). Estes artigos foram adotados para serem apresentados no concílio durante a reunião dos luteranos na cidade de Esmalcade em 1537.

Ao mesmo tempo em que esta reunião acontecia, Melanchton escrevia um documento chamado Tratado sobre o poder e primado do Papa. Os luteranos consideram este como um apêndice dos Artigos de Esmalcade (FC, SD, X 21). Ele também é um suplemento da Confissão de Augsburgo.

Os Catecismos Maior e Menor de Lutero

Os dois Catecismos, de fato, são embrião das Confissões Luteranas. Eles foram escritos em 1529 para a instrução do povo. O Catecismo Menor é um pequeno manual de perguntas e respostas. O Catecismo Maior providencia uma explanação em grandes detalhes para o catecismo menor, seria o manual do líder. Os catecismos são também chamados de a "Bíblia dos Leigos" (FC, p. 465) porque eles expressam em essência o ensino da Escritura de maneira simples e comovente. Eles abordam os Dez mandamentos, o Credo Apostólico, a Santa Ceia e os Sacramentos.

Fórmula de Concórdia

Depois que Lutero morreu, várias controvérsias se levantou entre os Luteranos sobre o Pecado Original, Conversão, Justificação, Santificação, Santa Ceia e outros assuntos. A Concórdia ou concordância na doutrina fundamentada a partir do ensino da Escritura, foi provocada e atingida através de uma declaração de fé intitulada “Fórmula de Concórdia”, que foi completada em 1577.  Ela de fato redeclarou e ratificou sem deixar dúvida nenhuma o ensino Luterano tradicional.

A Fórmula de Concórdia pediu aprovação unânime de todas as confissões mencionadas acima. Sendo aprovadas unanimemente, todas elas foram publicadas em um único volume no 50º aniversário da Confissão de Augsburgo em 1580. Este volume é chamado de Livro de Concórdia, que por sua vez contém todas as confissões da Igreja Luterana.

O Princípio Confessional

Estas famosas declarações da Tradição Luterana não são usadas somente para comunicação e educação. Eles também servem como regra e padrão para julgar a aceitabilidade da pregação e do ensino na Igreja Luterana. Os Luteranos não consideram as Confissões como uma segunda norma adicionada à norma da Escritura. Os Luteranos consideram que as Confissões estão em total concordância com a Escritura, e, portanto, não são nada mais do que uma aplicação da norma ou do princípio luterano do "Sola Escriptura" ou somente a Escritura.

Por isso, é pedido a todos os pastores e congregações luteranas empenhar-se em sua lealdade para com os Símbolos. As próprias Confissões Luteranas pedem para os Luteranos aceitá-las porque elas concordam com a Escritura em todos os sentidos. Isto não deixa nenhuma margem, nem mesmo de longe, para a opção de aceitá-las somente enquanto elas concordarem com a Escritura. As Confissões Luteranas estão de acordo com a Escritura e seu conteúdo em nada conflitam com o Evangelho e, rejeitar erros elas rejeitam.

A Fonte da Doutrina

A única fonte e norma de ensino na Igreja Luterana é a Escritura. Ela foi dada por inspiração de Deus e é a Palavra de Deus em todas as suas partes para torna-nos "sábios para a Salvação" (2 Timóteo 3.15). Ela é infalível e inerrante em tudo o que ela diz. Assim diz Lutero: "Por sabermos que Deus não mente. Eu, o próximo, enfim, todos os homens podemos errar e enganar, mas a Palavra de Deus não pode errar" (CM, IV 57, p. 482).

Toda a Escritura testemunha o Evangelho da Salvação em Jesus Cristo. Deus fala através dos santos escritores a respeito de toda montagem histórica do Evangelho, sua relação com a Lei e todas as doutrinas e as diversas conexões com as circunstâncias de vida.

A Palavra de Deus serve como base e fundamento para o ensino da Igreja. A norma é: a Palavra de Deus, e ninguém mais, nem mesmo um anjo, estabelecerá artigos de fé (SA, II 15; p. 316).

Cremos, ensinamos e confessamos que somente os escritos proféticos do Antigo e Novo Testamento são a única regra e norma segundo a qual devem ser ajuizadas e julgadas igualmente todas as doutrinas e todos os mestres, conforme está escrito: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos” (Salmo 119.105). E São Paulo: “Ainda que um anjo vindo do céu vos pregue diversamente, seja anátema” (Gálatas 1.8; FC. I, 1; p. 499).

Doutrinas da Igreja Luterana

A. Deus

            O único e verdadeiro Deus são três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, iguais em poder e majestade, cada um possuindo toda a essência divina. Esta doutrina nos é revelada como a base da nossa Justificação.

Longe da palavra de Deus, os seres humanos podem apenas conhecer Deus como o Criador, juiz, rígido e irado sobre o pecado (Deus abscôndito ou escondido =3D Deus Abscondtus). Porém, a Bíblia ensina e revela que cada pessoa da divina Trindade tem um papel na salvação do pecador (Deus Revelado =3D Deus Revelatus). Nós, portanto, reconhecemos a atitude de amor do Pai como Criador, a obra Redentora do Filho e a Graça Justificadora do Espírito Santo (2 Coríntios 13.14; Mateus 28.19; João 1.1,14; 3.16; 1 Coríntios 2.7-14; 6.11).

B. O Homem

            Assim como está revelado na Escritura, o homem e tudo o que há no céu e na terra foi criado por Deus. Os primeiros humanos foram criados a imagem e semelhança de Deus, em perfeita justiça, santidade e conhecimento de Deus. Através da queda em pecado, eles e seus descendentes perderam seu estado original, isto é, sua justiça, santidade e o perfeito conhecimento de Deus e, por natureza estão mortos, sob a ira divina e são inimigos de Deus. Eles não podem por seus próprios esforços restabelecer uma relação correta com Deus. Eles necessitam da divina graça para a reconciliação que só é encontrada em Cristo (Gênesis 1.27; Romanos 5.12; Efésios 2.1-3; 4.24).

C. A Justificação

Deus não aceita pessoas por causa de suas próprias obras, mas justifica-os somente pela graça por causa dos méritos de Cristo ou de tudo o que Cristo obteve e deu-nos de graça sem exigir nada de nós em troca. Deus declara como justos todos aqueles que crêem que foram perdoados e aceitos por Ele por causa de Seu Filho amado, que morreu na Cruz por causa do pecado de todos os homens. Com a morte na Cruz, Cristo pagou, em nosso lugar, a dívida que tínhamos para com Deus. Considerando que Deus enviou o Seu Filho, Jesus Cristo, para ser o Salvador, a fé em Cristo é o único meio através do qual podemos obter perdão dos pecados e a aceitação de Deus, a fim de ter um novo relacionamento com Ele, porque naturalmente somos inimigos de Deus. Aqueles que permanecerem nesta fé até o fim serão salvos eternamente.

A fé não é uma realização ou um ato nosso pelo qual obtém-se ou ganha a Salvação. Ela é obra do Espírito Santo, que age mediante a Palavra, através da qual alguém confia nos méritos ou em tudo o que Cristo conseguiu para nós, sem merecimento algum de nossa parte, para perdão e vida eterna. Somente através desta fé os pecadores recebem o conforto e o consolo de que Deus é gracioso para com eles. (Romanos 3.2-28; João 3.16-17; Atos 4.12; 1 Coríntios 12.3).

D. O Salvador

Jesus é o verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade, e também verdadeiro homem que nunca pecou, nascido de natureza humana através da Virgem Maria. Como homem Ele se tornou o substituto perfeito para todos os pecadores ou toda a humanidade, e como Deus, Ele providenciou a satisfação ou pagamento infinito e suficiente para toda a humanidade pecadora. Ele cumpriu e satisfez as exigências da Lei de Deus ao guardar os seus mandamentos em nosso lugar. Ele suportou o castigo de nossa desobediência pelo seu santo sofrimento e morte de cruz. Ele ressuscitou do mundo dos mortos, e subiu ao céu para reinar sobre todas as coisas à direita do Pai, e virá novamente em glória a julgar os vivos e os mortos (1 Timóteo 2.5-6; 1 João 5.22; 1 Pedro 3.18-22; Atos 17.31)

E. Conversão

A conversão à fé em Cristo não é provocada pelo esforço humano, conduta ou cooperação, mas unicamente pela obra regeneradora do Espírito mediante a Palavra de Deus. Ele produz arrependimento e fé ao agir através da Palavra com Lei e Evangelho. Na graça ele está disposto operar a conversão em todos os que ouvem a palavra. E os que permanecem inconvertidos estão perdidos por causa da sua própria resistência (1 Pedro 1.1-4,23; João 3.5-6; Atos 7.51).

F. A Vida Cristã

Aqueles que são justificados tornam-se filhos de Deus. Eles vivem uma nova e reconciliada relação com Deus. Pela nova criação, Deus os torna capazes e dispostos conduzirem uma vida santa. Eles são santificados e recebem o Santo Espírito, que os capacita a servir a Deus e o próximo em amor (Efésios 2.10; 2 Coríntios 5.17; Romanos 8).

Mesmo considerando que a fé seja ativa em amor e obras, os cristãos não são justificados por obras. Estas obras são imperfeitas por causa da velha natureza ou da carne pecaminosa, porém são cobertas pela retidão da justiça de Jesus. Assim, as obras são aceitáveis e agradáveis a Deus por causa de Cristo. Os cristãos se esforçam em permanecer seguros e convictos da esperança de ter a perfeição e de viverem sem pecado na vida eterna que há de vir (Filipenses 3.8-9; Romanos 7.21; Mateus 5.48; 2 Pedro 3.13).

O evangelho da justificação pela fé sempre traz a Liberdade Cristã. Somos livres da escravidão do pecado e das noções penosas da salvação por obras. Isto inclui liberdade das exigências de usar leis humanas e os mandamentos favoráveis a Deus no sentido de obter uma relação correta com Ele (Gálatas 3.10-11; 5.1-6; Colossenses 2.18-22).

G. Os Meios da Graça

Como Deus oferece e dá bênçãos espirituais através de Cristo, tais como, o perdão dos pecados e o Espírito Santo? Ele usa meios, que são chamados Meios da Graça. Deus ordenou unicamente três meios da graça: o Evangelho, (Atos 20.32; Romanos 10.17; João 20.22-23); o Batismo (Tito 3.5); e a Ceia do Senhor (Mateus 26.28; 1 Coríntios 10.16). A igreja não deve tentar usar outros meios para esta obra e nem usar estes meios de maneira incorreta.

O Evangelho é a graciosa mensagem de salvação através de Cristo. O Santo Espírito age através dele a fim de dar aos pecadores a justificação que está em Cristo e criar neles a fé (Romanos 1.16-17; 10.6-17; 1 Coríntios 6.11).

Os Sacramentos são meios externos ligados a Palavra de Deus, através dos quais Deus oferece, opera e nos sela para a graça que Cristo mereceu e obteve com sua morte e ressurreição. Um deles é o sacramento do Batismo, o lavar regenerador no Espírito Santo. Ele opera perdão dos pecados, livra da morte, do diabo e dá a salvação eterna a todos os que crêem nisto. Ao mesmo tempo ele é um sinal da nova vida que se introduz na pessoa, indicando que o velho Adão em nós deverá, por diária contrição e arrependimento, ser afogado e mortificado com todos os seus pecados e vontades más e fazer com que o novo homem ressurja diariamente para viver diante de Deus em justiça e pureza para sempre (Atos 2.38; Tito 3.5; Romanos 6.3-4).

O Sacramento do Altar ou a Ceia do Senhor é o corpo e o sangue de Cristo, que realmente está presente sob pão e vinho, para todos os cristãos que o comem e bebem. Perdão dos pecados, vida e salvação são oferecidos e dados através das palavras: "dado e derramado por vós para perdão dos pecados" a todos os que recebem a Ceia com fé nestas palavras (Lucas 22.19-20).

H. A Igreja

Existe somente uma única Santa Igreja Cristã na terra, e que existirá para sempre. Ela é a comunhão daqueles que foram, e somente aqueles, que crêem em Cristo como seu legítimo e suficiente Salvador - portanto, aqueles que foram justificados, santificados e são abençoados com o que Cristo obteve e conseguiu para os que crêem com seu sofrimento, morte e ressurreição. Ela é reunida, mantida e preservada pela Palavra e os meios da Graça, que são suas marcas (Efésios 2.19; 5.25-27; Mateus 28.19-20; Atos 20.32).

Os membros desta comunhão possuem todos os direitos e privilégios espirituais que Cristo deu a Sua Igreja. Eles podem exercer estes direitos e privilégios - publico privados - de acordo com a Sua vontade (1 Pedro 2.9; Apocalipse 1.5-6; 1 Co 3.21-22). Eles também os exercem providenciando a administração publica da Palavra e dos meios da Graça. Eles fazem isto chamando homens para preencher o Ofício do Santo Ministério, instituído por Deus para culto da Igreja. Os membros da Igreja devem ao portador deste Ofício confiança, obediência e apoio incondicional em todas as coisas quando isso envolve o obedecer da Palavra do próprio Deus, entretanto nunca quando tal obediência vai além do que a Palavra de Deus estabelece (Tito 1.5-9; Hebreus 13.17; Tito 1.13-14; 1 Pedro 4.11).

O Governo da Igreja tem que seguir os princípios de que Cristo é sua única cabeça e a Palavra de Deus - As Santas Escrituras - a única autoridade para ser aplicada para sua boa ordem. De acordo com a Palavra Deus, congregações são formadas, ministros são chamados para pregar a Palavra e administrar os Meios da Graça e o povo redimido de Deus tem um sacerdócio real a exercer.  A igreja não pode pôr de lado os mandamentos e a vontade de Deus. Ela não pode e, jamais falará com autoridade divina, onde e quando a Palavra de Deus for silenciada (Efésios 1.22-23; Mateus 28.19-20; 2 Timóteo 3.16-17; 1 Coríntios 14.40; Mateus 18.17-20; Efésios 4.11; 1 Pedro 2.9).

A consciência do Cristão tem direito a Liberdade Cristã de sujeição humanas. Por exemplo, eles não são obrigados a considerar qualquer organização humana - como sínodos ou hierarquia de bispos – como sendo obrigatoriamente necessários para a existência da igreja ou do serviço a Deus (Tito 1.14; Mateus 15.9; Efésios 2.19-22; Coríntios 3.11).

A atividade da igreja não deve ser confundida com a do estado. Deus age através da igreja para salvar os homens e levá-los a vida eterna. Para fazer isto, Ele faz uso dos meus que deu a Sua Igreja, a saber, Palavra e Sacramentos e Seus ministros. Mas através do estado Deus procura manter a ordem externa. Os meios para realizar isto são as leis civis, a compulsão e a punição. Portanto a igreja e o estado têm papéis diferentes, e nenhum dos dois podem adotar o que é próprio do outro e nem deveria tentar realizar atividades que são meios de ação do outro (João 18.11,36; 2 Co 10.4; 1 Timóteo 2.2; Romanos 13.4)

I. A Eleição de Deus ou a Predestinação

Os luteranos acreditam que a Graça de Deus é universal e que há uma Eleição da Graça em Cristo. Deus predestinou os eleitos para a vida eterna. Eles não recebem isto por causa de seus méritos, obras, fé ou conduta, mas unicamente por causa da Graça de Deus e dos méritos de Cristo. Os crentes recebem grande conforto ao saber que Deus os elegeu desde a eternidade e planejou trazê-los à fé em Cristo, justificando-os, santificando-os, guardando-os na fé e por fim os glorificar na bem-aventurança eterna.

Os luteranos mantêm que Deus não designou ninguém para a condenação ou predestinou alguém para ser um perdido e condenado. Deus oferece a salvação no Evangelho para todos os pecadores. Porém fica a dúvida: então, porque alguns são salvos e outros não são salvos? Deus não nos revelou a solução deste mistério. Porém ele nos revelou que se alguém é salvo, é salvo unicamente por Ele, se alguém é condenado, é condenado por sua própria culpa. No que diz respeito a eleição de Deus, o que podemos dizer com certeza, de acordo com a Escritura, é que a Graça de Deus é universal e que Ele nos elegeu em Cristo desde a eternidade, todavia, Deus não causa a condenação de ninguém e nem a humanidade é a causa da sua eleição para a Salvação (Efésios 1.3-14; 1 Timóteo 2.3-4; Ezequiel 33.11; Mateus 23.37; 1 Timóteo 1.9).

J. O Retorno de Cristo

No ultimo dia Cristo virá visivelmente em Glória julgar o mundo. Para todos os que crêem Nele, Ele dará a vida eterna e a glória que conquistou e obteve como Redentor. Eles O verão e viverão para sempre em sua glória (João 17.4) e O louvarão porque Ele é “... Digno de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação" (Apocalipse 5.9). Porém, aqueles que não O reconhecem, Ele irá pronunciar a destruição e a punição da condenação eterna. Todos os corpos dos mortos serão ressuscitados e levarão a parte que lhes cabe em um destes dois destinos (Mateus 25.31-46).


L. O Culto Luterano

A Justificação do pecador por Graça através de Cristo é o centro do culto e ritos da igreja Luterana. O culto e adoração têm a Palavra de Deus dirigida à seus filhos. Através dele, Deus oferece e opera a sua Graça através do Evangelho (pregação da Palavra e a Absolvição), Batismo e Santa Ceia. Assim, o culto litúrgico é a ocasião em que a comunidade se reúne, quando ocorre intercâmbio mútuo entre Cristo e a congregação e dos cristãos entre si, onde nossos pecados são transferidos a Cristo e sua justiça nos é outorgada.

O culto luterano é também o centro da vida cristã, pois o povo de Deus é abençoado e instruído para sua edificação em uma vida com Cristo diante do mundo, a fim de que seja a igreja de Cristo e represetante dele onde quer que esteja. No culto são dadas certas oportunidades litúrgicas para o povo de Deus responder com louvor e sincera devoção a Deus por tudo o que fez, faz e fará por nós em Cristo ou em sua Graça.

O Culto Luterano, se consistente, é permeado com o espírito da Liberdade Cristã no Evangelho. Ele usa a liberdade para empregar vários costumes públicos e privados permissíveis que mão conflitam com Evangelho, para servir e ajudar na proclamação do Evangelho. Exemplo disso são os hinos, cânticos, formas de orações, o sinal da Cruz, a observância do ano da igreja, confirmação e coisas semelhantes. Contudo, cerimônias e costumes que expressam falsa doutrina sobre o Cristianismo ou má idéia sobre o mesmo não são apropriadas para o uso da liberdade cristã e devem ser abandonados.

Fonte: Manteufel, Thomas. Churches in America. Concordia publishing House, St louis, MO.