Uma extensa pesquisa feita pela agência digital Medialogue analisou o comportamento dos senadores e deputados federais no quesito “internet”. Cada senador e cada deputado recebeu um e-mail com perguntas sobre como encontrar mais informações sobre o seu trabalho na internet.
O resultado é indignante. Dos 81 senadores, apenas 11 se dispuseram a dar alguma satisfação. Dos 513 deputados, só 124 responderam. Ou seja, dos 594 políticos do Congresso Nacional 77% ignoram mensagens de interessados em seu trabalho.
É como se recorrêssemos a quem não existe.
O curioso é que o resultado seria outro se feito antes das eleições, por exemplo.
Mas não é apenas o legislativo que vive no mundo analógico.
Deus nos relata o exemplo de pessoas que recorrem a seres inexistentes para obter auxílio. São aquelas que buscam sua ajuda em gente que não existe, ou, sendo mais específico, em deuses inventados por elas mesmas. O resultado não poderia ser outro: esses seres sem vida “têm boca, mas não falam; têm olhos, mas não veem. Têm ouvidos, mas não ouvem; têm nariz, mas não cheiram. Têm mãos, mas não podem pegar; têm pés, mas não andam; e da garganta deles não sai nenhum som” (Salmo 115.5-7).
Têm aparência de gente, mas nem gente é. São seres sem vida.
Percebe-se com tudo isso a angústia que o povo vive.
Aqueles que elegemos como nossos representantes passam a representar outros interesses. Ficamos desesperançados. Anulamos o voto. Ou votamos no branco da paz e da pureza que gostaríamos de ver assentadas nas cadeiras da capital federal. Mas precisamos apelar para eles. Queremos que nos ouçam, que se solidarizem conosco, que corroborem e lutem por nossas ideias, enfim, queremos que nos retornem, nem que seja um simples e-mail.
Mas eles não respondem. Têm aparência de gente, mas são seres sem vida.
Mas a angústia do povo revela-se também naqueles que ele elegeu para serem dignos de suas orações e, lógico, nos quais buscar a salvação. São os candidatos eleitos pelo próprio povo, inventados pelas pessoas, e construídos pelas mãos humanas. Queremos falar e ser ouvidos. Queremos ser respeitados, atendidos, agraciados. Queremos que eles se interessem por nós, que cumpram com suas responsabilidades, que tenham misericórdia de nós.
Mas eles se mantêm impassíveis. Não respondem. Porque não têm vida.
O fato é que talvez estejamos buscando respostas em quem não tenha respostas.
É por isso que o mesmo salmo nos lembra: “Confiem [apenas] em Deus, o Senhor. Ele é a ajuda e o escudo de vocês” (v. 9).
Recorra ao único que realmente existe. E que nos atende.
Com uma ligação que não emperra. Com atenção que não se esgota e paciência para ouvir que não tem fim. E o melhor, com um amor imenso, para o qual não há “spam”.
É bom se lembrar disto. Na hora do próximo voto. E também na hora da próxima oração.
Porque “é melhor confiar no Senhor do que depender de pessoas importantes” (Salmo 118.9).
P. Júlio Jandt
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