Ainda faltam 40 dias para o Natal, mas ele já é anunciado com vibração nas vitrines e propagandas comerciais. Nas igrejas a preparação começa mesmo no dia 27 de novembro, o primeiro Domingo de Advento. Esse período litúrgico surgiu no quarto século, logo após a fixação oficial da data do nascimento de Jesus. Com o mesmo objetivo da Quaresma antes da Páscoa, é destinado à reflexão espiritual para que o Natal seja celebrado de forma condizente aos propósitos cristãos. O Advento, que significa “vinda”, lembra três chegadas de Cristo: em carne, no juízo final e através do Evangelho continuamente pregado.
Não é preciso dizer que a festa do Natal, em parte, já perdeu o seu caráter cristão. E nem falo do meio secular que proíbe crucifixos. Quem nega a morte de Cristo também nega o seu nascimento. O problema é com os cristãos. Já disse Paulo: “Não vivam como vivem as pessoas desse mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês” (Romanos 12.2). Neste sentido, além das atitudes e costumes, algumas figuras natalinas no âmbito religioso comprometem e desvirtuam. Afinal, símbolos precisam apontar para o sentido legítimo do Natal, a exemplo do pinheirinho com seu verde constante que lembra a eternidade de Cristo e, com sua ponta para cima, de onde surge a salvação. Qualquer imagem que não advenha ao Salvador é outro natal, outro advento. Que o diga João Batista.
Até porque a “tradição” deve “traduzir” aquilo que “traz”, senão o resultado é “traição”. Quatro palavras com a mesma raiz do verbo latino e que expõem um problema com o nosso Natal cada vez mais apressado e infiel. Não por conta da oferta do céu que vem uma vez só e de graça, mas pelas ofertas terrenas em 10 vezes e com juros. Receio que se o Senhor chegasse hoje, correria com os vendilhões do templo. Mas ainda é Advento, tempo oportuno para refletir e mudar. E assim o Natal pode chegar com mais calma...
Marcos Schmidt
pastor luterano
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