domingo, agosto 28, 2011

Amor injusto

verdadeiro_amor5_101011010831234      Foi no último dia 26 de agosto. Estávamos estudando o capítulo sobre “perdão”, quando uma aluna do Catecismo perguntou: “Mas, pastor, não é injusto que Deus perdoe uma pessoa depois de ela aprontar muito?”

     “Bom, posso responder a sua pergunta com uma história?

     Era uma vez uma casa muito aconchegante na qual moravam você, sua irmã e seu pai. Um dia, você chegou para o pai e falou:

     - Pai, cansei dessa vida. Me dá o dinheiro da herança.

     Seu pai ficou muito triste, mas não retrucou. Deu o dinheiro e você foi embora de casa, sem olhar para trás. Seu pai, rosto na janela, derramava lágrimas de dor.

     Com muito dinheiro na mão, você teve a vida que sempre sonhou. Muitas festas, badalações, gente ao lado... Teve a oportunidade de provar tudo, do bom e do pior. Muita bebida, muitos garotos... Até que lhe apresentaram um pó, que, diziam, “faria bem ao corpo e à alma”. Pura ilusão. Você tinha tudo que o dinheiro podia comprar, mas não estava satisfeita. Cada dia queria mais.

     Até que, finalmente, o dinheiro acabou. E, junto, acabaram as festas, as diversões, as companhias...

     - E agora, vou viver do quê? O que vou comer?

     À procura de emprego, todos lhe bateram a porta. A fome apertou. Viu um cachorro revirando o lixo. Sentiu vontade de disputar a comida. Sentiu as mãos e as pernas trêmulas, por causa da droga. Cinco dias sem tomar um banho. Dormindo na rua.

     Alguém apareceu e lhe ofereceu um “trabalho”: prostituir-se... Haveria alternativa?

     Então, caindo em si, pensou: “Até o empregado do meu pai tem comida... e eu aqui, no fundo do poço. Não posso mais. Vou voltar para casa e pedir perdão para o meu pai”.

     Temendo pela surra, você se aproxima de casa. E quase sofre um infarto ao ver seu pai correndo, porta afora... Ele vem, dá um beijo e um abraço apertado, e sussurra ao seu ouvido: “Filha, como eu esperei por esse momento!”

     “Depressa!” – ele diz ao funcionário – “Busque uma muda de roupa da irmã dela, ponha a bebida para gelar, vá ao mercado comprar uma carne... Nós vamos fazer uma festa!”

     Você olha para a janela e vê o vidro embaçado. Eram as lágrimas que seu pai derramava todas as noites, esperando que você voltasse.

     Sua irmã vê tudo isto. Acha injusto. Tem inveja. Quer matar o pai e você com um só golpe. Mas, convenhamos, o abraço e o beijo do pai superam tudo, né?”

     Terminei a história. Elas estavam no mais absoluto silêncio.

     Até que a indagadora abriu um sorriso e disse: “Entendi”.

     Ela entendeu o que os fariseus de hoje não querem entender: “Como pode a igreja aceitar este tipo de gente? Como pode o pastor se relacionar com gente desta laia?” É, mesmo, muito injusto, pelos olhos da razão.

     Mas, como disse Paulo, o apóstolo: “Onde aumentou o pecado, transbordou a graça” (Romanos 5.20). Sem sombra de dúvida, este amor do Pai, revelado em Jesus, é espantoso.

     Supera até a inveja dos fariseus.

(Pastro Julio Jandt)

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