Havia um muro. Agora há uma ponte.
Na última segunda-feira, o deputado Tiririca devolveu à Câmara o dinheiro gasto em um resort em Fortaleza. Segundo sua assessoria, a devolução foi feita para “corrigir um mal-entendido”. Engana-se quem pensa que a iniciativa foi do deputado. Na verdade, foi nossa. Muitos jornais e até mesmo esta coluna falaram do abuso. Em todo o caso, se antes havia um muro entre Tiririca e o eleitorado, pelo menos agora há uma ponte. Não pelo valor devolvido (cerca de mil reais), mas pelo gesto.
Nestes quase oito anos de pastorado, tenho observado quão comum entre as pessoas é a construção de muros. São palavras ditas com raiva ou fora de contexto, atitudes inesperadas e desanimadoras, desonestidades e traições, fofocas e intrigas, julgamentos maldosos, enfim, até mesmo um olhar fulminante pode construir um muro. Maior que o de Berlim.
E cá vivemos nós entre muros. O muro do isolamento, do orgulho, do egoísmo. O muro do preconceito, do julgamento alheio, da incompreensão familiar. O muro que leva em conta apenas a minha vontade: “vou sim, quero sim, posso sim”.
O muro separa. A ponte une.
Não é fácil destruir o muro para construir uma ponte. Mas é possível.
Prova disso é o que aconteceu numa sexta-feira, há quase dois mil anos atrás.
Sofrendo a nossa dor, Jesus humilhou-se na cruz para quebrar o muro entre céu e terra.
Um muro que nós mesmos levantamos. Lembram da fruta proibida?
Após 33 anos de estada aqui, havia chegado a grande hora. Mais do que corrigir um mal-entendido, Jesus estava, de uma vez para sempre, estabelecendo a paz entre Deus e os homens. Ele derrubou o muro. E construiu a ponte, o que custou a sua própria vida.
Do outro lado da ponte, Deus nos espera. Como o pai que esperou o filho fujão, na história que Jesus contou (Lucas 15.11-24). Mesmo assim, ficamos com medo. Somos incrédulos por natureza. Indecisos e medrosos. Então Jesus vem. Pega na nossa mão, caminha conosco sobre a ponte e nos leva para o Pai. Isso se chama “fé”.
O fato é que alguém precisa tomar a iniciativa. E esse Alguém foi Jesus.
Eu fico pensando, então, nas pontes que ainda precisam ser construídas.
Entre o céu e a terra já está feita. Basta andar por ela, apegado a Jesus.
Mas, aqui embaixo, os muros parecem saltar à vista. Você tem deles em sua vida?
Pois, então, saiba: muros podem [e devem] ser destruídos. Pontes devem estar em seus lugares. Mas para isso alguém precisa tomar a iniciativa.
Caminhe pela ponte para o céu com Jesus. Enquanto caminham, fará bem a você um diálogo com o Salvador. Deixe que Ele o conduza e ajude a construir pontes aqui embaixo.
Pode ser um abraço, um ombro amigo, uma palavra amiga, uma lágrima compartilhada. Pode ser um “Perdoe-me”, um “Vamos colocar uma pedra em cima disso” ou um “Eu amo você”. Ou mesmo um e-mail carinhoso, um olhar generoso, um “Conte comigo”.
É bom pensar nisso nesta Semana Santa.
Porque antes havia um muro. Mas agora há uma ponte.
(Pastr Julio Jandt)
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