terça-feira, abril 12, 2011

Justiça com as próprias armas

Por Marlon Hüther Antunes*

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           As histórias dos dois assassinos que deixaram nosso país perplexo, nos últimos dias apontam para uma sociedade cada vez mais intolerante e desejosa de vingança. Um se diz rejeitado pela adolescente 12 anos mais nova que ele e que num ímpeto de agir em justiça própria, a mata junto com a irmã. A outra história, mais cruel pelo número de vítimas, moveu outro jovem cheio de rancor, amargura, transtorno e sede de “justiça”, sair atirando em desconhecidos. Ações planejadas como estas, ou no calor do momento, têm sido rotina em lares, no trânsito e escolas – quando muitos saem disparando contra tudo e contra todos do fel de seus corações em causa própria, comprovando as palavras do Senhor: “por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mateus 24.12).
         Rancor e falta de perdão debilitam qualquer ser humano, transformando-o num animal irracional, enterrando valores morais e éticos aprendidos e demonstrando a frieza espiritual que se abate. Ninguém ousa recuar. Andamos armados, sempre na ofensiva de quem nos contrarie, ou de alguém que tenha uma atitude que não condiz com nossa vontade. Desaprendemos a respeitar o próximo, não concordando com ele. Sim, estes já são os tempos difíceis anunciado pelo Apóstolo Paulo, de homens “egoístas, avarentos, orgulhosos, vaidosos, xingadores, ingratos, desobedientes aos seus pais e sem respeito pela religião. Sem amor pelos outros, duros, caluniadores, incapazes de se controlarem, violentos e inimigos do bem. Traidores, atrevidos e cheios de orgulho. Amando mais os prazeres do que a Deus” (2Timóteo 3.2-4).
           Pensar duas vezes, agir com prudência, arrepender-se é coisa de fracassado. O que está na moda é o “vou sim, quero sim, posso sim... ninguém manda em mim”. Precisamos que Deus nos mande ao encontro alguém, que acalme esta frenética fúria por vingança, para mais tarde, de cabeça fria, reconheça-se com gratidão: “Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue e de que por minha própria mão me vingasse” (1 Samuel 25.33).
            No calor da discussão, o Apóstolo Pedro ao ver Jesus ser preso, partiu para cima, no intuito de fazer justiça com a própria espada. Ouviu do Senhor: “guarde sua espada, pois quem usa uma espada será morto por uma espada” (Mateus 26.50).
            Não nos cabe dar fim aos “impuros”, aos que nos rejeitam, julgando por causa própria. Deus fez justiça furando as próprias mãos, não para si ou para puros, mas para aqueles que sabem que são doentes, precisam de médicos, tratamento, perdão e acolhimento (Marcos 2.17). Só Ele que é Água da vida (Apocalipse 22.17), pode apagar os braseiros da ira e acalmar este fogo que se abate sobre toda a terra. Eu preciso desta justiça, sem dúvidas, você também!

*É Teólogo e Pastor da Igreja Luterana em Maceió

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