Na década de 40 apreciávamos os filmes de Robin Hood, aquele exímio flecheiro que não errava uma fleche. Ele usava o seu excepcional talento em favor dos injustiçados. Nós nos espelhamos nele, pois era nosso desejo, como jovens, acertar sempre. Nas quermesses de igrejas havia o tiro ao alvo. Quem acertasse os cinco tiros disponíveis levava um prêmio, coisa pequena: uma boneca, uma bola, uma garrafa de vinho. Dos cinco tiros errávamos três ou quatro, o que significava não levar prêmio. Desejávamos muito acertar o alvo.
Robin Hood é passado, quermesse não vê mais. Nossos heróis de hoje são os “donos” da bola. Nos espelhamos neles, pois, como eles, desejamos fazer o gol – acertar o alvo, não errar.
No sentido espiritual errar é pecar. A palavra pecado vem do grego “hamartia” e significa exatamente errar o alvo (ou acertar o alvo errado). E todos erramos (Tg 4.17 e Rm 3.23) Como cristãos reconciliados com Deus pela fé em Cristo Jesus, desejamos não errar, bem como Pulo desabafa: “Eu não entendo o que faço porque não faço o que gostaria de fazer. Ao contrário, faço justamente aquilo que odeio” (Rm 7.15). Erramos o alvo – pecamos.
Pecado é transgressão a qualquer Lei divina. Pecado de omissão é negligenciar o que a Lei ordena. Pecado de cometimento é o fazer de qualquer cousa proibida pela Lei.
Jesus acertou o alvo. Fez a vontade do Pai e revelou o seu amor. Realizou a reintegração de posse do Paraíso invadido pelo mal. De fato “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades... foi traspassado pelas nossos transgressões... oprimido e humilhado... como cordeiro foi levado ao matadouro... ferido e cortado da terra dos viventes” (Is 53.4ss).
Jesus acertou o alvo. Eu creio nisso. Por isso, apesar de não acertar o alvo quando deveria, pela fé, arrependido e perdoado, “prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Fp 3.14).
A volta ao Paraíso – nosso alvo maior.
Guido Ruben Goerl – Pastor emérito da IELB.
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