O Brasil assistiu estarrecido as denúncias veiculadas pela Rede Record contra o “bispo” Valdemiro Santiago, da Igreja Mundial do Poder de Deus. Há suspeitas de vários crimes, como usar o dinheiro da igreja para compras de fazenda no Mato Grosso no valor de 50 milhões de reais. Outras igrejas também já foram e continuam sendo investigadas, como a própria Igreja Universal do Reino de Deus, proprietária da Record.
Uma coisa é certa: independente de quem seja, a lei tem de ser cumprida. O apóstolo Paulo nos lembra que a autoridade é “serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal” (Romanos 13.4). Cumpra-se a lei, sem favorecimentos, embora isto seja quase uma utopia.
O problema é que estes escândalos envolvendo igrejas, que aparecem de tempos em tempos, denigrem também aquelas igrejas sérias, comprometidas com o evangelho e cumpridoras das leis civis. Como disse o colega Marcos Schmidt, “a lama respinga em todo o cristianismo”. E é chato, sempre de novo, ficar provando que nem tudo é joio nesse trigal.
Trago, para nossa reflexão, um texto escrito pelo pastor Ricardo Gondim, publicado na Revista Ultimato de julho/agosto de 2004: “Cansei! Acho-me exausto. Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço, amo o meu Deus, bem como minha família e amigos. Permaneço esperançoso. Meu cansaço nasce de outras fontes. Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não aguento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja. Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente”.
Para lembrar (1): a igreja é uma instituição de Deus para proclamar seu evangelho ao mundo, e não uma empresa que precisa mostrar resultados visíveis. Isso é obra de Deus.
Para lembrar (2): ainda há igrejas sérias que pregam a Palavra de Deus em sua pureza e também muitos pastores “que vivem dignamente”.
Como bem lembrou o amigo Wolfgang Müller em um texto enviado, “uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce”. Árvores podres caem mesmo, mas a igreja, a bonita floresta plantada pelo Senhor Jesus, continua crescendo pela força dEle.
Para encerrar, novamente Ricardo Gondim: “Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa”.
(Pastor Julio Jandt)
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