domingo, fevereiro 12, 2012

A “briga” de Deus

Um passageiro de táxi morreu por causa de R$ 0,01. Dá para acreditar?

O fato aconteceu em Fortaleza, no Ceará. O passageiro, juntamente com a esposa e filhos, pegou um táxi e a corrida custou R$ 4,64. Pedindo um desconto de R$ 0,04, deu ao taxista uma nota de R$ 5,00, mas

obteve apenas R$ 0,35 de troco. Em resposta, ele disse ao taxista que, como ele havia feito questão de R$ 0,04, não dispensaria R$ 0,01.

Após a discussão, o passageiro desceu do carro resmungando e bateu a porta com força. Não deu outra: o taxista sacou um revólver e atirou na vítima.

Aí a gente lê isso e acha praticamente ridículo.

Vou dizer que nós, volta e meia, agimos de forma semelhante.

Sabe aquela discussão por nada? Aquela troca de acusações por causa de um dado ou fato insignificante? Sabe aquele revide pela banalidade de uma brincadeira? Ou ainda o destempero por causa daquela “fechada”, talvez sem querer, no trânsito? Ou mesmo aquela dividida no futebol que gerou a vingança de forma ríspida, causando uma lesão? O que dizer da teimosia em provar que se está com a razão, resultando em fúria, discussão e inimizade? Não fomos convidados para algo que gostaríamos de participar e soltamos a metralhadora giratória? Algo nos desagradou, mesmo que fosse sem querer, e queremos tirar tudo a limpo?

Percebem como brigamos por pouca coisa?

Dentro de nós há um instinto parecido com o da história. Nós próprios não somos justos plena e perfeitamente, mas exigimos que o outro seja. Nosso senso de justiça é bastante apurado para nossas causas, nem tanto com a dos outros. Nossa reivindicação de direitos acaba por interferir no direito do semelhante. E descambamos para o egoísmo, para a obstinação. Fazemos de nós mesmos pequenos deuses.

Isso serve para mostrar que, se dependesse desse tipo de relacionamento, Deus (que é essencialmente santo, perfeito, e também justo) poderia começar a dirigir raios diretamente às nossas cabeças. O que fizemos, no muito ou no pouco, agride a justiça divina. Os milhões roubados ou o troco a mais não devolvido não têm diferença: ambos burlam os padrões de honestidade definidos pelo Todo-Poderoso. Fazer errado ou fazer certo com a motivação errada dá no mesmo – Deus conhece nossos desejos mais secretos.

Por essas e outras, tais histórias cada vez mais nos conscientizam de que as respostas para nossas crises não estão dentro de nós mesmos. A resposta está acima, muito e bem acima, e, ao mesmo tempo, bem e tão próxima, ao alcance.

Ao olhar para uma cruz, lembre do que aconteceu há quase dois mil anos. Ali Jesus derramou sangue, não moedas nem várias notas. O sangue do único justo nos mostrou que a esperança não está em nossos atos, mas na misericórdia daquele que perdoa em abundância, mesmo quando o pecado é abundante.

Nas suas ações do dia-a-dia, não brigue, nem revide. Seja pelo pouco ou mesmo pelo muito. Deus fará a justiça. Certamente o moinho de Deus mói devagar, mas mói fino – diria meu pai.

Aliás, quando cremos em Cristo, a justiça de Deus não se revela apenas em condenação, mas em perdão. Não é justo para nós. Mas essa é a “briga” de Deus: que creiamos nele e esperemos o que Ele pensa ser justo.

(P. Júlio Jandt)

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