Estamos acostumados a trocas. Algumas conscientes, outras não.
Trocamos de roupa. De carro. De casa. Os móveis. Mas isso não é tudo.
Trocamos a saúde pela carreira. E, no final da vida, trocamos a carreira pela saúde.
Trocamos um bom livro pela TV. Um momento em família, pelas ondas da internet.
Trocamos hábitos saudáveis por vícios, a segurança pela velocidade.
Trocamos o elogio pela crítica, o ombro pelo dedo indicador, a doçura pelo azedume.
Na Semana Santa, como de costume, veremos muitas trocas.
A mais perigosa é a troca do Cordeiro de Deus pelo coelhinho da Páscoa, a refeição da alma pelo peixe. Justo o peixe, que era o símbolo da igreja cristã primitiva e que agora nada mais é do que o substituto da carne vermelha. Ou ainda trocam o chocolate nobre da endorfina eterna pelo chocolate da gordura hidrogenada da caloria terrena.
Há quem trocará o convívio da família da fé pelo convívio dos amigos de ocasião, aqueles que riem junto e desaparecem no dia seguinte. Ou ainda trocará o duro banco da igreja pela maciez do colchão.
A Semana Santa deixa bastante visível nossas trocas.
Ela nos confronta porque sempre tentamos trocar o espiritual pelo material, os bens eternos pelos temporários. Trocamos a opinião de Deus pela opinião dos outros. Aliás, trocamos Deus por qualquer coisa que não nos comprometa tanto.
Igrejas também têm feito suas trocas.
Trocaram Deus por seus líderes, Jesus pela sua denominação. Trocaram o Deus de milagres pelos milagres de Deus, o evangelho da cruz de Cristo pelo evangelho da glória humana, o Jesus que salva pelas obras que condenam. Trocaram a oração por negociatas, o evangelismo por alvos numéricos, a fidelidade à Palavra por técnicas humanas para fisgar adeptos. Trocaram os pastores por lobos, a oferta espontânea como fruto da fé pela barganha descabida do toma-lá-dá-cá. Trocaram de nome: não são mais “igrejas”, o povo de Deus que busca crescimento espiritual, mas “empresas” que buscam dividendos bancários.
Trocas como estas têm custado caro.
Mas a Semana Santa também nos mostra as trocas que Deus está disposto a fazer.
Ele coloca os pecados dos homens sobre Seu Filho, e a justiça do Filho sobre os seres humanos. Ele troca o dia em noite, para que a nossa noite vire dia. Ele troca a nossa morte pela morte do Seu Filho. Ele faz Seu Filho passar pelo inferno para nos abrir os portões do céu. Não é à toa que Martinho Lutero orou assim: “Senhor Jesus Cristo, tu és minha justiça; eu, porém, sou teu pecado. Levaste sobre ti o que é meu, e deste a mim o que é teu. Tomaste sobre ti o que não eras, e deste a mim o que eu não era”.
Por isso, ao chegar a Semana Santa, fica a dica: cuidado com as trocas que você fizer.
Se for pra trocar, que sejam trocados então os pneus carecas da nossa autossuficiência e prepotência pelos pneus novos da misericórdia e da graça de Deus em Jesus. Essa troca, sim, é bem mais segura.
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