A história sempre se repete. O ex-ditador do Egito seguiu direitinho os passos do colega, conforme as páginas de Êxodo. Somente após as 10 pragas que o rei egípcio se convenceu e deixou o povo israelita sair para a liberdade. O dois faraós desistiram não porque perceberam o erro, mas porque sentiram na carne a adversidade. Um deles voltou à obstinação e submergiu com o seu exército nas águas do Mar Vermelho. O atual buscou refúgio num balneário neste mesmo mar, e segue o caminho de qualquer ditador.
A teimosia faraônica acontece todo o dia também com gente do povo. Pode ser um simples plebeu, mas com conseqüências faraônicas. A principal é a privação da liberdade, começando consigo mesmo quando se está correntado numa decisão. Correntes do rancor, desonestidade, descrença, inimizade, egoísmo, infidelidade, ciúme, vícios... Tudo gerando sofrimento para o próximo, o cônjuge, os filhos, os colegas, o povo.
Mas o ato de abdicar depende mesmo de uma força superior. A teimosia é terrena, o poder para a renúncia é divino. “Como vocês são teimosos”, reclamou Estevão para aqueles que depois o apedrejaram. “Como são duros de coração e surdos para ouvir a mensagem de Deus. Vocês sempre têm rejeitado o Espírito Santo” (Atos 7.51). Outro mártir escreveu que “Cristo nos libertou para que sejamos realmente livres”. E sublinhou: “O que a nossa natureza humana quer é contra o que o Espírito quer” (Gálatas 5.1,17).
Minha avó tinha uma história do avô dela. Dizia ela que era pura verdade. Ele era “cabeça dura” e descrente. Um dia, debaixo de um terrível temporal, voltava com o seu burro para casa, mas o animal empacou no caminho e não tinha jeito de sair do lugar. De tanta raiva rogou uma praga: “Se Deus existe, que um raio caia sobre este burro”. Dito e feito. O burro ficou ali mesmo, todo chamuscado. E o meu tetravô dali em diante mudou de vida e morreu com a Bíblia aberta sobre o peito.
Para o Faraó o raio foi a décima praga, para Mubarak a rebelião do povo. E para os demais teimosos? Sem dúvida a historia se repete no Egito e em qualquer outro lugar.
(Marcos Schmidt - Igreja Evangélica Luterana do Brasil - Comunidade São Paulo, Novo Hamburgo, RS - 17 de fevereiro de 2011)
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