domingo, julho 22, 2012

Síndrome de Gabriela

trilha-sonora-gabriela“Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela!” A música tema da novela das onze parece ser também o tema da vida de muita gente.

É o que se pode chamar de “Síndrome de Gabriela”.

Esse tipo de comportamento tem um lado positivo. Pode, por exemplo,

denotar uma pessoa que tem personalidade e autoestima fortalecidas. É o tipo de gente que está tão convicto dos seus valores e crenças que não necessita da aprovação de ninguém. O problema, no entanto, é quando essa síndrome se torna um pesadelo vivido que afeta as outras pessoas.

Falando em termos profissionais, o mercado de trabalho está cheio de profissionais com essa síndrome. São aquelas pessoas que, mesmo qualificadas tecnicamente, recusam-se a mudar por acreditarem que as coisas devem ser feitas sempre do seu jeito. Não experimentam novos caminhos e, como consequência, colhem sempre os mesmos resultados.

Quem de nós nunca ouviu frases do tipo “Vamos fazer assim, pois sempre fizemos dessa maneira” ou “Sei que o que você sugere é bom, mas prefiro fazer do meu jeito” ou, pior ainda, “eu sinto muito, mas sou assim – esse é o meu jeito”. Com esse discurso, muitos profissionais com potencial ficam estacionados no tempo, e ainda por cima acreditam que estão fazendo a coisa certa. O problema é que a Síndrome de Gabriela não prejudica apenas a pessoa – prejudica o grupo todo.

Na família isso também pode ser prejudicial. A síndrome leva facilmente à acomodação diante da rotina. A pessoa prefere ficar na sua zona de conforto e acha que as mudanças podem lhe trazer problemas. O medo do desconhecido é maior do que a força de vontade.

Em se tratando da vida cristã o problema é ainda maior.

A pessoa que diz que é assim e que esse é seu jeito (nasceu, cresceu e vai ser sempre assim) não está deixando espaço para Deus. A Bíblia fala em Deus como um oleiro, e nós como o barro. Onde já se viu um barro bradar aos quatro ventos que o oleiro o deixe como está, porque é assim e vai ser sempre assim? Deus quer nos moldar, nos trabalhar e – por que não? – nos endireitar. O Espírito Santo, que habita em nós pela fé em Jesus, é suficientemente poderoso para nos aperfeiçoar. Por isso, não dá para simplesmente usar a desculpa da Síndrome de Gabriela para nossos defeitos e equívocos.

Nós não somos fatalistas. Volta e meio aparece esse papo de que “Deus quis assim”, mas é de se perguntar se Deus quer, por exemplo, que nos preocupemos mais com o dinheiro do que com a nossa saúde, com a pressa de chegar mais do que a segurança numa viagem.

Como barros, devemos estar dispostos a sermos moldados por Deus. E, nas mãos do oleiro, não há espaço para rebeldia ou impaciência. Sim, é verdade que Deus nos aceita assim como somos, rebeldes e impacientes. Mas, como um bom oleiro, Ele se recusa a nos deixar assim como somos.

Eu nasci assim, eu cresci assim... e, pela graça de Deus, eu não preciso ser assim como eu fui a vida inteira.

Nas mãos do oleiro, ainda dá tempo de ser curado da Síndrome de Gabriela.

(Pastor Júlio Jandt)

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