O programa “Fantástico”, do dia 29/01, no quadro “O Conciliador”, apresentou a disputa de duas irmãs por uma herança. A casa deixada pelo pai foi alvo de um processo que rachou a família ao meio.
Do Google: “Briga por herança leva a fraudes”, “Briga por herança faz homem matar irmãs a tiros”, “Briga por herança acaba com irmão esfaqueado” e assim por diante.
Briga por herança compensa? De um lado temos os espertinhos que querem obter vantagem. De outro temos o tão alegado “senso de justiça” para reaver direitos. O problema é que talvez por trás de tudo isto esteja algo que a Palavra de Deus classifica como “amor ao dinheiro” (1 Timóteo 6.10). Jesus associou esse problema com a avareza, quando um jovem lhe pediu que interviesse na disputa com seu irmão (Lucas 12.13-21).
Nós vivemos numa cultura onde é errado e proibido perder. Nem que para vencer seja preciso pisar na cabeça de alguém. A pergunta pertinente é: ganhar coisas e perder pessoas chega a ser uma vitória?
Certa vez li que “Deus nos deu as pessoas para amar e as coisas para usar. Por que, então, fazemos o inverso – amamos as coisas e usamos as pessoas?”
Quantas brigas por herança já destroçaram famílias inteiras? Quantas vezes o tal senso de justiça já nos trouxe certas vantagens em detrimento de perdas irreparáveis?
Não quero, com essa reflexão, suscitar algum sentimento de passividade ou inércia. Deus também nos chama a sermos justos e lutar contra a injustiça.
Mas quando isso acontece nos círculos familiares é bem mais delicado. Porque envolve pessoas de mesmo sangue, que foram educadas nos mesmos princípios e que são parte comum daquela bonita bênção que Deus deu à humanidade desde o seu primórdio – a família.
É então que precisamos resgatar uma arte há muito esquecida, mas tão útil para evitar crises: a arte de saber ceder. Isso lembra aquela cena dos dois burrinhos com os rabos amarrados numa mesma corda, tendo cada qual à sua frente um monte de feno. Cada um queria alcançar o seu alimento. Mas quanto mais faziam força para o seu lado, mais energia dispensavam. Um deles precisará ceder para o outro comer. Após isso, poderá comer também.
Saber ceder, amigo, é uma arte. Que precisamos aprender a exercitar. Envolve dominar seus impulsos, dizer “não” ao egoísmo, ser humilde e um pouco mais altruísta.
No caso das irmãs, uma delas abriu mão de boa parte do que tinha direito. Mas o bonito mesmo foram suas palavras à irmã irredutível: “Eu queria que ela pensasse o quanto existiu amor, carinho e respeito um pelo outro. Gostaria de falar para ela que eu a amo, que meu coração continua do mesmo jeito. Minha casa está aberta para ela. Esses laços de família eu não quero perder”. Acordo feito, família unida novamente.
Quando as pessoas valem mais do que as coisas, sempre é possível um consenso.
E, quando acima das coisas e das pessoas, temos a convicção de que temos um Deus, revelado em Jesus, que nos amou muito mais do que tudo que foi dito até aqui, então podemos ter a certeza de que a verdadeira herança é aquela que Deus nos preparou: uma vida com Ele aqui e depois, na eternidade.
Por essa herança não é preciso brigar. Tem para todos que a almejam e creem em Jesus.
P. Julio Jandt
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