terça-feira, fevereiro 02, 2010

BBB 10

O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso". 
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho: 


Curtir o Pedro Bial 
E sentir tanta alegria
 
É sinal de que você
 
O mau-gosto aprecia
 
Dá valor ao que é banal
 
É preguiçoso mental
 
E adora baixaria.
 



Há muito tempo não vejo 
Um programa tão ‘fuleiro’
 
Produzido pela Globo
 
Visando Ibope e dinheiro
 
Que além de alienar
 
Vai por certo atrofiar
 
A mente do brasileiro.
 



Me refiro ao brasileiro 
Que está em formação
 
E precisa evoluir
 
Através da Educação
 
Mas se torna um refém
 
Iletrado, ‘zé-ninguém’
 
Um escravo da ilusão.
 



Em frente à televisão 
Lá está toda a família
 
Longe da realidade
 
Onde a bobagem fervilha
 
Não sabendo essa gente
 
Desprovida e inocente
 
Desta enorme ‘armadilha’.
 



Cuidado, Pedro Bial 
Chega de esculhambação
 
Respeite o trabalhador
 
Dessa sofrida Nação
 
Deixe de chamar de heróis
 
Essas girls e esses boys
 
Que têm cara de bundão.
 



O seu pai e a sua mãe, 
Querido Pedro Bial,
 
São verdadeiros heróis
 
E merecem nosso aval
 
Pois tiveram que lutar
 
Pra manter e te educar
 
Com esforço especial.
 



Muitos já se sentem mal 
Com seu discurso vazio.
 

Pessoas inteligentes 
Se enchem de calafrio
 
Porque quando você fala
 
A sua palavra é bala
 
A ferir o nosso brio.
 



Um país como Brasil 
Carente de educação
 

Precisa de gente grande 
Para dar boa lição
 
Mas você na rede Globo
 
Faz esse papel de bobo
 
Enganando a Nação.
 



Respeite, Pedro Bienal 
Nosso povo brasileiro
 

Que acorda de madrugada 
E trabalha o dia inteiro
 
Dar muito duro, anda rouco
 
Paga impostos, ganha pouco:
 
Povo HERÓI, povo guerreiro.
 



Enquanto a sociedade 
Neste momento atual
 

Se preocupa com a crise 
Econômica e social
 
Você precisa entender
 
Que queremos aprender
 
Algo sério – não banal.
 



Esse programa da Globo 
Vem nos mostrar sem engano
 
Que tudo que ali ocorre
 
Parece um zoológico humano
 
Onde impera a esperteza
 
A malandragem, a baixeza:
 
Um cenário sub-humano.
 



A moral e a inteligência 
Não são mais valorizadas.
 
Os “heróis” protagonizam
 
Um mundo de palhaçadas
 
Sem critério e sem ética
 
Em que vaidade e estética
 
São muito mais que louvadas.
 



Não se vê força poética 
Nem projeto educativo.
 
Um mar de vulgaridade
 
Já tornou-se imperativo.
 
O que se vê realmente
 
É um programa deprimente
 
Sem nenhum objetivo.
 



Talvez haja objetivo 
“professor”, Pedro Bial
 
O que vocês tão querendo
 
É injetar o banal
 
Deseducando o Brasil
 
Nesse Big Brother vil
 
De lavagem cerebral.
 



Isso é um desserviço 
Mal exemplo à juventude
 
Que precisa de esperança
 
Educação e atitude
 
Porém a mediocridade
 
Unida à banalidade
 
Faz com que ninguém estude.
 



É grande o constrangimento 
De pessoas confinadas
 
Num espaço luxuoso
 
Curtindo todas baladas:
 
Corpos “belos” na piscina
 
A gastar adrenalina:
 
Nesse mar de palhaçadas.
 



Se a intenção da Globo 
É de nos “emburrecer”
 
Deixando o povo demente
 
Refém do seu poder:
 
Pois saiba que a exceção
 
(Amantes da educação)
 
Vai contestar a valer.
 



A você, Pedro Bial 
Um mercador da ilusão
 
Junto a poderosa Globo
 
Que conduz nossa Nação
 
Eu lhe peço esse favor:
 
Reflita no seu labor
 
E escute seu coração.
 



E vocês caros irmãos 
Que estão nessa cegueira
 
Não façam mais ligações
 
Apoiando essa besteira.
 
Não deem sua grana à Globo
 
Isso é papel de bobo:
 
Fujam dessa baboseira.
 



E quando chegar ao fim 
Desse Big Brother vil
 
Que em nada contribui
 
Para o povo varonil
 
Ninguém vai sentir saudade:
 
Quem lucra é a sociedade
 
Do nosso querido Brasil.
 



E saiba, caro leitor 
Que nós somos os culpados
 
Porque sai do nosso bolso
 
Esses milhões desejados
 
Que são ligações diárias
 
Bastante desnecessárias
 
Pra esses desocupados.
 



A loja do BBB 
Vendendo só porcaria
 
Enganando muita gente
 
Que logo se contagia
 
Com tanta futilidade
 
Um mar de vulgaridade
 
Que nunca terá valia.
 



Chega de vulgaridade 
E apelo sexual.
 
Não somos só futebol,
 
baixaria e carnaval.
 
Queremos Educação
 
E também evolução
 
No mundo espiritual.
 



Cadê a cidadania 
Dos nossos educadores
 
Dos alunos, dos políticos
 
Poetas, trabalhadores?
 
Seremos sempre enganados
 
e vamos ficar calados
 
diante de enganadores?
 



Barreto termina assim 
Alertando ao Bial:
 
Reveja logo esse equívoco
 
Reaja à força do mal…
 
Eleve o seu coração
 
Tomando uma decisão
 
Ou então: siga, animal…
 



FIM 


Salvador, 16 de janeiro de 2010.


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